terça-feira, 21 de abril de 2009

Foda intensa e sádica


O Marido que Recebeu uma Lição
Contos Libertinos (Marquês de Sade)


Um homem já na decadência pensou em se casar embora até aquele momento tivesse passado sem mulher, e é possível que a coisa mais tola que fez, de acordo com os seus sentimentos, tenha sido unir-se a uma jovem de dezoito anos, com o rosto mais atraente do mundo e com a cintura não menos proveitosa. Bernac - esse era o seu nome -, fazia tolice ainda maior desposando uma mulher, porquanto se exercitava o menos possível nos prazeres que concede o himeneu, e muito faltava para que as manias por que trocava os castos e delicados prazeres dos laços conjugais agradassem a uma jovem do porte da srta. Lurcie, pois assim se chamava a infeliz a quem Bernac acabava de participar seu destino.

Desde a primeira noite de núpcias, ele relatou suas preferências à jovem esposa, após tê-la feito jurar nada revelar aos pais dela; tratava-se assim diz o célebre Montesquieu - de procedimento ignominioso que leva de volta à infância: a jovem mulher, na postura de uma menina que merece um corretivo, se prestava então por quinze ou vinte minutos, mais ou menos, aos caprichos bestiais do velho esposo, e era à vista dessa cena que ele conseguia experimentar a deliciosa embriaguez do prazer que todo homem mais bem organizado que Bernac decerto teria desejado sentir apenas nos braços encantadores de Lurcie.
A experiência pareceu um pouco dura àquela moça delicada, bela, educada no conforto, mas longe do pedantismo; entretanto, como lhe houvessem recomendado ser submissa, julgou tratar-se aquilo de hábito comum aos esposos, e talvez até mesmo Bernac tivesse contribuído para que pensasse assim, e ela se submeteu de modo mais honesto possível à depravação do seu sátiro; todos os dias era a mesma coisa e, com freqüência, até duas vezes em vez de uma. Ao cabo de dois anos, a srta. Lurcie, que continuamos a chamar sempre por esse nome, de vez que na ocasião se achava tão virgem quanto no primeiro dia de suas núpcias, perdeu o pai e a mãe, e com eles a esperança de fazer abrandar seus sofrimentos, como começava a figurar já havia algum tempo. Essa perda só fez tornar Bernac mais audacioso, e se mantivera dentro de alguns limites, por respeito aos pais de sua mulher enquanto vivos, não demonstrou mais nenhuma moderação tão logo ela os perdeu e ele percebeu-a incapaz de quem a pudesse vingar. O que parecia de início apenas um divertimento, tornou-se pouco a pouco um verdadeiro tormento; essa srta.

Lurcie não podia mais suportar isso, seu coração se exasperava, e ela sonhava o tempo todo com vingança. Via pouquíssimas pessoas; o marido a isolava tanto quanto possível. Apesar de todas as admoestações de Bernac, o primo dela, o cavalheiro d'Aldour, não deixara em absoluto de ver sua parenta; esse jovem tinha um belo rosto e não era sem interesse que teimava em visitar a prima; como fosse bastante conhecido de toda a gente, o ciumento, temendo que escarnecessem dele, não ousava muito afastar-se de sua casa... A srta. Lurcie deitara os olhos nesse parente para se libertar da escravidão na qual vivia: ouvia diariamente as belas palavras do primo, e, por fim, revelou-se por completo a ele, tudo lhe confessando.
- Vingai-me desse homem vil - disse-lhe -, e fazei isso por meio de uma cena que o impressione o bastante para ele próprio jamais ousar falar dela a alguém: o dia em que obtiverdes êxito há de ser o dia de vossa glória; apenas a esse preço serei vossa.
Encantado, d'Aldour tudo promete e só se empenha para o sucesso de uma aventura que vai lhe assegurar tão belos monumentos. Quando tudo está pronto:
- Senhor - diz ele um dia a Bernac -, tenho a honra de ser muito íntimo de vós, e em vós confio o bastante para não deixar de vos participar o matrimônio secreto que acabo de contrair.
- Um matrimônio secreto? - diz Bernac, encantado de se ver livre do rival que o fazia tremer.
- Sim, senhor! Acabo de me unir ao destino de uma esposa encantadora, e amanhã é o dia em que ela me deve tornar feliz; confesso que se trata de uma moça sem bens; mas o que importa isso se o que tenho basta aos dois? Caso-me, é verdade, com uma família inteira, quatro irmãs que vivem juntas, porém, como me apraz a companhia delas, para mim é apenas uma felicidade a mais... Muito me alegraria, senhor - continua o jovem -, se minha prima e vós me désseis amanhã a honra de vir ao menos ao banquete de núpcias.
- Senhor, saio muito pouco, e minha mulher menos ainda; vivemos ambos num grande retiro; ela está contente assim, e eu não a incomodo absolutamente.
- Conheço vossas preferências, senhor - retruca d'Aldour -, e respondo-vos que sereis servido a contento... Amo a solidão tanto quanto vós e, por sinal, tenho razões de discrição, como já disse: é na campanha, faz um belo dia, tudo vos convida e dou-vos minha palavra de honra que estaremos absolutamente sozinhos.
Lurcie a propósito deixa entrever certo desejo; seu marido não ousa contrariá-la diante de d'Aldour, e combinam o passeio.
- Devíeis querer tal coisa - diz o homem, irritado no momento em que se vê a sós com sua mulher -, bem sabeis que absolutamente não me preocupo com tudo isso; saberei como dar fim a todos esses vossos desejos, e previno-vos de que em pouco tempo planejo isolar-vos numa de minhas terras, onde não vereis ninguém mais além de mim.
E como o pretexto, com ou sem fundamento, acrescentasse muito aos atrativos das cenas luxuriosas às quais Bernac inventava planos quando lhe faltava o realismo, aproveitou a oportunidade, fez Lurcie passar ao seu quarto e lhe disse:
- Iremos... Sim, eu prometi, mas pagareis caro pelo desejo que demonstrastes...
A infeliz, acreditando estar próxima do desfecho, suporta tudo sem se queixar.
- Fazei o que vos aprouver, senhor - diz ela humildemente -, vós me concedestes uma graça, sou-vos muito grata.
Tanta doçura, tanta resignação teria desarmado qualquer um que não tivesse um coração tornado empedernido pelos vícios como o do libertino Bernac, mas nada é capaz de o deter; satisfaz-se, dorme tranqüilo; no dia seguinte, d'Aldour, conforme o combinado, vem buscar o casal e partem.
- Vereis - diz o jovem primo de Lurcie, entrando com o marido e a mulher numa casa completamente isolada -, vereis que isso não tem lá muito jeito de uma festa popular; nenhum coche, nenhum lacaio, já vos disse; estamos completamente sozinhos.
Entretanto, quatro mulheres altas de uns trinta anos, fortes, vigorosas e de cinco pés e meio de altura cada uma, avançam sobre a escadaria e vêm receber o Sr. e a Sra. Bernac da maneira mais honesta.
- Eis minha mulher, senhor - diz d'Aldour, apresentando uma delas -, e estas três aqui são suas irmãs; casamo-nos esta manhã ao alvorecer, em Paris, e os esperamos para celebrar as bodas.
Tudo se passa segundo as leis da mútua cortesia; depois de algum tempo de reunião no salão, onde Bernac se convence, para grande surpresa sua, que ele se encontra tão só quanto o pôde desejar, um lacaio anuncia o almoço, e sentam-se à mesa. Nada mais descontraído que a refeição, as quatro pretensas irmãs muito acostumadas aos repentes, trouxeram à mesa toda a vivacidade e todo o bom humor possíveis, mas como a decência não é esquecida um minuto sequer, Bernac, enganado até o fim, crê-se na melhor companhia do mundo; todavia, Lurcie encantada de ver o seu tirano numa situação difícil, divertia-se com seu primo, e, decidida em desespero de causa a renunciar enfim a uma continência que não lhe trouxera até aquele momento senão tristezas e lágrimas, bebia com ele o champanhe, inundando-o com os mais ternos olhares; nossas heroínas, que tinham de buscar forças, consagravam-se igualmente à libação, e Bernac, motivado, ainda sem conceber senão uma alegria simples em tais circunstâncias, não se poupava mais do que as outras pessoas. Entretanto, como era mister não perder a razão, d'Aldour interrompe a tempo e propõe passar ao café.
- Por Deus, meu primo - diz ele, assim que Bernac se encontra afetado -, consenti em vir visitar minha casa; sei que sois homem de bom gosto; eu a comprei e a mobiliei propositadamente para meu casamento, mas temo ter feito um mau negócio; dir-me-eis vossa opinião, por favor.
- De bom grado - diz Bernac -, ninguém como eu entende mais dessas coisas, e estimarei tudo a mais ou menos dez luíses de diferença, garanto.
D'Aldour lança-se sobre as escadas dando a mão a rua bela prima, posicionam Bernac no meio das quatro irmãs, e penetram nessa ordem num apartamento muito escuro e muito afastado, absolutamente ao extremo da casa.
- É aqui a câmara nupcial - diz d'Aldour ao velho ciumento -, vedes essa cama, meu primo; eis onde a esposa vai deixar de ser virgem; ela já não arde de desejos tempo demais?
Era o sinal: no mesmo instante, nossas quatro malandras saltam sobre Bernac, armadas cada uma de um punhado de varas; retiram-lhe as calças, duas delas o imobilizam, e as outras duas se alternam para fustigá-lo e enquanto o molestam vigorosamente:
- Meu caro primo - exclama d'Aldour -, não vos disse ontem que seríeis servido a contento? Não imaginei nada melhor para agradar-vos do que devolver-vos o que dais todos os dias a essa encantadora mulher; vós não sois bastante bárbaro para fazer-lhe uma coisa que não gostaríeis de receber; assim, orgulho-me de fazer-vos minha corte; falta ainda uma circunstância, portanto, à cerimônia; minha prima, segundo dizem, embora há muito esteja ao vosso lado, ainda é tão virgem como se vós tivésseis vos casado apenas ontem; tal abandono de vossa parte provém unicamente da ignorância, seguramente; garanto que é por que não sabeis como proceder... Vou mostrar-vos, meu amigo.
Ao dizer isso, tendo ao fundo uma agradável música, o homem fogoso deita sua prima na cama e a torna mulher aos olhos de seu indigno esposo... Só nesse momento termina a cerimônia.
- Senhor - diz d'Aldour a Bernac ao descer do altar -, achareis a lição talvez um pouco severa, mas admiti que o ultraje a que submetíeis vossa esposa era, pelo menos, igual; não sou, nem quero ser, amante de vossa mulher; ei-la, devolvo-a, mas vos aconselho a comportar-vos doravante de maneira mais honesta com ela, caso contrário, ela ainda encontraria em mim um vingador que vos pouparia ainda menos.
- Senhora - diz Bernac furioso -, na verdade esse procedimento...
- É o que vós merecestes - responde Lurcie -, mas se ele vos desagrada, entretanto, tendes toda a liberdade de expressá-lo; exporemos cada um nossas razões, e veremos de qual dos dois rirá o povo.
Bernac, confuso, reconhece seus erros, não inventa mais sofismas para legitimá-los, lança-se aos joelhos de sua mulher para rogar seu perdão: Lurcie, terna e generosa, o levanta e abraça, ambos retornam a sua casa, e não sei que meios utilizou Bernac, mas desde esse dia, nunca a capital viu casal mais unido, amigos mais ternos e esposos mais virtuosos.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Bien, yo lo sé que és puro teatro...



Fala que quer ser pai no primeiro encontro. Fala que quer um amor pra toda a vida. Puro teatro, isso por acaso são coisas que se digam num primeiro encontro? Quer é me comer. Assim como come outras, que caem na sua história. Delícia. E eu canto,

"Igual que en un escenario
finges tu dolor barato
tu drama no es necesario
ya conozco ese teatro
fingiendo qué bien te queda el papel
después de todo parece
que ésa es tu forma de ser"


Na verdade, meu bem isso não cola. A gente sabe, desde sempre que não é verdade. A gente também só quer ser feliz, então finge que acredita. E você acha que a gente realmente acredita, tadinho, pobrecito. E yo, la cantante,

"Yo confiaba ciegamente
en la fiebre de tus besos,
mentiste serenamente
y el telón cayó por eso"


Não faça tanto esforço, gato, a gente vai dar pra você mesmo assim, mesmo se você disser que não é bom pai. A gente não quer bom pai. Quem quer ser pai não usa camisinha, pense bem... Arhhrrraaii, yo canto,

"Teatro, lo tuyo es puro teatro,
falsedad bien ensayada
estudiado simulacro,
fue tu mejor actuación
destrozar mi corazón"


Diga a verdade, simplesmente a verdade, depois a gente pensa em pais e mães. Podemos ser um casal feliz mesmo assim, devassos. Seria ótimo.

"Y hoy que me lloras deveras
recuerdo tu simulacro
perdona que no te crea
me parece que es teatro"


Beijo, tchau. Vá tomar chá.



Puro Teatro
(Tite Curet Alonso)


Igual que en un escenario
finges tu dolor barato
tu drama no es necesario
ya conozco ese teatro
fingiendo qué bien te queda el papel
después de todo parece
que ésa es tu forma de ser.
Yo confiaba ciegamente
en la fiebre de tus besos,
mentiste serenamente
y el telón cayó por eso.

Teatro, lo tuyo es puro teatro,
falsedad bien ensayada
estudiado simulacro,
fue tu mejor actuación
destrozar mi corazón.

Y hoy que me lloras deveras
recuerdo tu simulacro
perdona que no te crea
me parece que es teatro.

domingo, 12 de abril de 2009

Batismo na Praça


Baile no Clube. Não fui.
Estava me sentindo velha e sem graça, com a roupa que peguei emprestada da minha mãe... é, as minhas não estão mais lá, no interior. A saia era linda. Estava frio. Os amigos apareceram na porta da entrada do baile, alguns que conhecemos. As outras pessoas eram crianças que víamos quando éramos adolescentes. Estavam bêbados e falavam como se a vida fosse acabar naquela noite e eles tivessem que aproveitar. Vou pegar tantas... essa festa só tem baranga... lá dentro tá muito quente, etc, etc.
Cansativo.
Não tenho mais idade. 27 é quase 30. Já é 30. Mas com corpinho de 20. Será que alguém ia reparar?
Bem, após encontrar o ex gato que está um pouco estranho e sem queixo, pescoçudo, o guia turístico e bater foto com o irmão caçula do colega de sala, vejo que alguém me olha. Alguém meio descabelado, cabelo escuro, gato, muuuito gatinho.
Achei que era uma das crianças que mencionei antes, fiquei com receio. Quem será?
Fomos sentar, eu e meu amigo, no banco ao lado do moço.
O amigo do moço senta ao nosso lado, muito simpático. Puxa papo: Kubrick, Estamira, faculdades, repúblicas, histórias de vida.
Os amigos saíram, entraram no baile. Ele, o gato novinho, fala com uma amiga. Que raiva, ela deve ser mais nova. E estava de havaianas... não deve ter pego a roupa da mãe.
Gato volta. Senta do meu lado. Mais conversa. Ele sabe quem é Pagu. Gostei! Bom caminho. Um outro passante conhecido se aproxima e diz que o baile só tem mulher feia. O gato chama sua atenção. Não fale assim. Pagu. Me sinto Pagu, "indignada no palanque". Eu posso, ele ficou. Não quis o baile, quis a conversa.
Faz um frio irritante. Ele chega juntinho. Eu tenho o mamilo dolorido de frio e vontade de mijar. Vamos? Me acompanham até ali? Claro!
No caminho, vou pensando: já fiz ménage, já transei com mulher, saio com ex namorados. Ele não sabe. Será que gostaria? Será que fugiria? Não importa. Esta noite é da Pagu. “Não sou freira nem sou puta”.
Alívio. Agora já pode rolar. Tchau amigo! "Boa noite e boa sorte"!
Beijo. Trêmulo. Sob a luz. Entre as pessoas. Aqui não, muita luz, não?
Beijo, mãos, frio se transformando em calor e tremores em tesão.
Terceiro ponto: praça. Escura. Escondidos. Plenamente adolescentes. Ele é mesmo, eu não! Mas nesse momento sou, sou Pagu. Eu posso e hoje a noite e o pedaço são nossos.
Mãos, línguas, respiração, cabelos, cheiros, vozes, desespero. Muito gostoso. Sinto a mão invadindo, invado também. Loucos. Adolescentes inconseqüentes.
Vou gozar... Goza. Me afastei... a saia era da minha mãe, lembrei. Gozou muito. Lindo. Tranqüilo. Adolescente, delicioso.
Beijos, colocar as coisas em ordem, cabelo, roupa, olho borrado. Estamos lindos. Felizes. E eu, deliciosamente com 27. Ele, com muitos a menos.
Me acompanha até em casa. Obrigada. Me procura naquele site, ok? Ok.
Voltei do interior, checo meus emails. Adorável surpresa: Oi! Te achei. Quer ser minha amiga?
Sim.

Narrativas e ereções

Aquele marujo esmagado no tapete que lhe apresentava nádegas musculosas e peludas no meio de cogumelos aveludados realizava com ele um ato que poderia ter pertencido às orgias de convento, onde freiras se deixam foder por um bode. Era uma bela farsa, mas que lhe dava ombros sólidos. Diante daquele negro cu, emaranhado, francamente oferecido sobre longas e pesadas coxas meio morenas, que saem do tumulto da calça arriada onde pernas estavam presas, Norbert permanecia em pé, abria a braguilha toda, tirava o pau já duro, afastava um pouco a camisa para dar espaço ao saco e ser macho por inteiro; e durante alguns segundos ele se contemplava naquela postura que considerava como uma proeza de caça ou de guerra. Sabia não estar arriscando nada, pois nenhum sentimentalismo perturbava a pureza do jogo. Nenhuma paixão. 

- Está passando do ponto. Dizia ainda: Nada mal! 
Não passava de um jogo sem seriedade. Dois homens fortes e sorridentes. Sendo que um, sem preocupação, sem fazer drama, dava ao outro seu cu. 

’A gente se diverte a beça.’ 

Acrescentava a isso o prazer de passar as mulheres para trás. ‘Se elas soubessem que a gente esvazia os ovos entre colegas, fariam uma cara... o marujo não arruma encrenca. Acha engraçado ser enrabado. Não tem nenhum mal nisso.’ 

Por fim, Norbert aceitava comer Querelle um pouco por gentileza. Parecia-lhe, não que o marujo estivesse apaixonado por ele, mas que precisava disso para continuar vivendo. Norbert não o desprezava, primeiro por ele ter sabido não se deixar enrolar na venda do ópio, e também por causa de sua força. Não podia deixar de admirar a jovem e flexível musculatura do marujo. Isso lhe dava ainda mais tesão. Molhava com a mão, depois curvava-se devagar, colocava-se sobre as costas de Querelle e enfiava. Nenhuma dor crispava mais Querelle. Sentia apenas a cabeça redonda e dura forçar um pouco, e suavemente penetrar até o fundo... permanecia então alguns segundos imóvel, dando um pouco de descanso a seu amigo. Depois o vaivêm começava. Era muito macio, muito repousante sentir-se tão profundamente penetrado, conhecer em si uma presença tão soberana. O membro não corria o risco de sair… agarrava Querelle pelas axilas e puxava contra si. O marujo deixava-se ir para trás, apoiando-se com força no peito de Norbert. 

- Tá te machucando? 
- Não, continua assim. 

Eles sussuravam, o espírito e a palavra desvairados, a palavra como uma poeira de ouro expirada pelas bocas entreabertas. Querelle devagar fazia mover os quadris e Norbert com mais dureza os rins. Era bom estar preso no pau. E bom reter em si, pelo pau, um fortão que só se libertará esporrando-lhe o cu. Às vezes Querelle sentia em si o sobressalto da pica sólida... Ele se masturbava com calma, pausadamente, atento a sentir em si o vaivêm daquela biela enorme. Após se terem abotoado, olhavam-se sorrindo. 

-Porra! A gente é babaca, você não acha? 
-Por que babaca? A gente não faz mal a ninguém. 
-Mas você gosta de me comer? 
-Eu, bem, por que não? Não é ruim. Não posso dizer que tenha uma queda por você, senão eu mentiria. Ter queda por um homem, isso eu nunca entendi. Olha que existe. Já vi casos. Só que eu não poderia. 
- Que nem eu. Me deixo enrabar porque to pouco ligando; acho isso engraçado, mas que não me peçam pra eu ter queda por um cara. 
- E enrabar um garoto, você já tentou? 
- Nunca. Isso não me interessa... você não fica tentado? 
Querelle com a cabeça abaixada para afivelar o cinto, levantava-a sacudindo-a da direita para a esquerda, fazendo careta. 
- Quer dizer que você só gosta de ser enrabado? 
- E daí?... Tá cagando. Já te falei que é só curtição. 

Junto a Norbert, Querelle não reencontrava a doçura que conhecera no quarto do veado armênio. Em torno de Joachim sentira uma verdadeira atmosfera de doçura, de calma, de segurança. Isso talvez viesse do fato de sentir-se tudo para aquele homem que teria aceitado, pelo menos no momento em que estava com ele, todas as suas exigências. Por Joachim ele teria certamente se deixado meter. Só que (ele agora compreendia) Joachim teria exigido o contrário. 

Norbert não o amava, ainda que cada vez mais sentisse nascer algo novo. Um sentimento o ligava a Norbert. Talvez por causa de sua idade em relação à Norbert? Recusava-se a admitir que, ao enrabá-lo, ele o dominava; contudo talvez isso ainda contasse. Enfim, não se pode recomeçar todo dia o que se acredita ser apenas um jogo amoroso sem acabar por se deixar levar por ele. Alguma outra coisa servia para criar esse novo sentimento ou antes, essa atmosfera de cumplicidade repousante eram as formas, os gestos, as jóias, o olhar de Madame Lysiane, e até a palavra que ela pronunciara duas vezes essa noite: 'Meu filho.' Ora, acontecia que tendo sido, de qualquer modo, realizado pela intervenção do policial, Querelle deixara de gostar dos jogos de Norbert. Entregara-se ainda uma vez por hábito, quase por inadvertência, mas é e o prazer agora demasiado visível de Norbert contribuía para isto - começava a detestá-lo. Contudo, como lhe parecia impossível desfazer-se daquilo em que havia se tornado, pensou em tirar secretamente partido, e, primeiro, receber dinheiro de Norbert. Enfim, pelo sorriso e pelos gestos da patroa, ele entrevia de forma obscura a possibilidade de outra justificativa. Essa idéia logo abandonou Querelle. Norbert não era um homem de se deixar intimidar.

Querelle (JEAN GENET, 1947).

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Hot Chat

Enquanto isso numa sala de chat...

(01:25:10) GO.ZO (reservadamente ) fala para kzdo jds: oi, o que procura???
(01:26:45) kzdo jds (reservadamente) fala para GO.ZO: sexo com cara discreto e vc
(01:27:13) GO.ZO (reservadamente ) fala para kzdo jds: tb!!! Procurava a 3, mas não rola com ninguém...
(01:27:20) kzdo jds (reservadamente) fala para GO.ZO: idade? tc de onde?
(01:27:38) kzdo jds (reservadamente) fala para GO.ZO: dificil, teria que achar dois querem mais um...
(01:28:03) GO.ZO (reservadamente ) fala para kzdo jds: nem assim...
(01:28:09) kzdo jds (reservadamente) fala para GO.ZO: idade?
(01:28:11) GO.ZO (reservadamente ) fala para kzdo jds: tenho 28 e vc?
(01:28:14) kzdo jds (reservadamente) fala para GO.ZO: 38
(01:28:20) kzdo jds (reservadamente) fala para GO.ZO: tc de onde?
(01:28:55) GO.ZO (reservadamente ) fala para kzdo jds: Perdizes e vc?
(01:28:59) GO.ZO (reservadamente ) fala para kzdo jds: Jds???
(01:29:07) kzdo jds (reservadamente) fala para GO.ZO: Av. Paulista
(01:33:04) kzdo jds (reservadamente) fala para GO.ZO: curte o que?
(01:34:22) GO.ZO (reservadamente ) fala para kzdo jds: curto tudo e vc???
(01:34:28) kzdo jds (reservadamente) fala para GO.ZO: também
(01:34:33) kzdo jds (reservadamente) fala para GO.ZO: como vc é?
(01:38:13) GO.ZO (reservadamente ) fala para kzdo jds: Tenho 28, 1,75, 17cm, cabelos, olhos e pêlos claros, 60kg, sem vícios, não curto efeminados.
(01:39:33) kzdo jds (reservadamente) fala para GO.ZO: hummm... interessante!

(01:37:53) Fabio 23cm zo entra na sala...

(01:38:24) Fabio 23cm zo (reservadamente) fala para GO.ZO: oi
(01:41:30) GO.ZO (reservadamente ) fala para Fabio 23cm zo: oi, o que procura???
(01:41:34) Fabio 23cm zo (reservadamente) fala para GO.ZO: cu
(01:42:33) GO.ZO (reservadamente ) fala para Fabio 23cm zo: de que lugar da ZO?
(01:42:50) Fabio 23cm zo (reservadamente) fala para GO.ZO: Pinheiros
(01:43:18) GO.ZO (reservadamente ) fala para Fabio 23cm zo: idade?

(01:44:50) Fabio 23cm zo sai da sala...

(01:40:04) kzdo jds (reservadamente) fala para GO.ZO: procura real?
(01:40:22) GO.ZO (reservadamente ) fala para kzdo jds: sim, mas preciso saber como você é???
(01:40:28) kzdo jds (reservadamente) fala para GO.ZO: Tenho 38, 1m78, 70 kg, definido, bco, cabelos e olhos pretos. 19cm de pau, grosso, durão. Único vício é sexo!!! Tb não curto afeminados.
(01:41:33) GO.ZO (reservadamente ) fala para kzdo jds: como vc é no sexo??? o q curte???
(01:42:13) kzdo jds (reservadamente) fala para GO.ZO: curto de tudo, ser mamado, chupar, penetrar, ser penetrado, pegação em geral...sou bem safado!!!
(01:43:33) GO.ZO (reservadamente ) fala para kzdo jds: delícia, eu tb curto tudo...mas tô afim de meter, topa???
(01:43:35) kzdo jds (reservadamente) fala para GO.ZO: sim!!!
(01:42:50) GO.ZO (reservadamente ) fala para kzdo jds: como vc é??? Apertadinho???
(01:43:13) kzdo jds (reservadamente) fala para GO.ZO: muito...mas com saliva e lubrificantes rola...dou legal, adoro dar. Principalmente se o pau for grosso...
(01:43:39) GO.ZO (reservadamente ) fala para kzdo jds: hummmmmmmm....o meu é!!! Aliás estou durão... super animado por aqui!!!
(01:44:15) kzdo jds (reservadamente) fala para GO.ZO: Eu tb, só em pensar no que iremos fazer logo mais...
(01:44:23) GO.ZO (reservadamente ) fala para kzdo jds: sexo sem pudores, sem frescuras!!! Vamos meter muito...
(01:44:25) kzdo jds (reservadamente) fala para GO.ZO: vamos sim...
(01:45:01) kzdo jds (reservadamente) fala para GO.ZO: tá afim de real mesmo??? Vamos???
(01:45:07) GO.ZO (reservadamente ) fala para kzdo jds: demorou...