quinta-feira, 4 de junho de 2009

Misterioso arrombador



Era uma noite muito quente de verão. Não conseguia dormir. Olhava o relógio e não queria acreditar que eram 2h30 da manhã e eu havia deitado na cama às 10h. Minha intenção era dormir para poder resolver as pendências do trabalho na manhã seguinte, mas algo não me saia da cabeça e por isso não era capaz de descansar.
Estava a pensar em tudo que me havia acontecido nas últimas semanas e, por isso, não conseguia pregar os olhos. Tudo começou quando fui passar o feriado de finados na casa dos meus pais, localizada no Litoral Norte de São Paulo. Passei dias intensos de início de verão, conheci um casal maravilhoso que foram mais do que amigos, foram excelentes amantes. O mais interessante foi que descobri que poderei me divertir mais vezes em outros ambientes e na minha própria casa, já que somos vizinhos aqui em São Paulo.
Eles moram perto do Metrô Sumaré e eu, Clinicas. Voltei com a cabeça cheia de tesão e fantasias de aventuras vividas numa divertida praia e numa grande casa de veraneio. Sempre passei temporadas de verão com minha família por lá, mas nunca sozinho...nem imaginava o quanto poderia me divertir sem família e amigos. De início pensei que eu fosse ficar entediado, mas fui salvo pelo casal. Assim que entrei no prédio, percebi uma movimentação estranha por parte dos funcionários, mas pensei que eles estavam apenas agitados com o calor que fazia. Parecia que o sol estava mais próximo e que o vento tinha parado. Cheio de malas e cansado das horas que havia passado dirigindo, pensava apenas em tirar a roupa, tomar um bom banho e dormir pelado até o namorado chegar. Para minha surpresa, quando fui colocar minha chave no contato, percebi que a porta estava violada. Fiquei apavorado, e sem entender o que haviam feito. A porta estava raspada, com marcas de arrombamento com um pé de cabra. O suposto ladrão não concretizou seu feito, mas fiquei bem preocupado e irritado com a tentativa de invasão.
Entrei no apartamento rapidamente, pensando nessa nova moda de arrastões em prédios de luxo e pensei...o meu nem tem esse perfil, quem será que tentaria invadir o meu apartamento??? Encontraria apenas coleções de Hqs e DVDs do Woody Allen. Pensei comigo: o que um jornalista teria de grande valor para ser roubado além de seu note??? Como trabalho 24h por dia, essa minha ferramenta vive comigo, fora isso, nada mais tem valor.
Comuniquei a todos os funcionários do prédio e ninguém havia visto nada. O silêncio se manteve enquanto eu falava sem parar, muito irritado e sem paciência de ouvir. Achei um absurdo o ocorrido e a reação apática de todos, parecia que eu era o culpado. Após esse ocorrido, minha porta foi consertada pelo condomínio e fiquei intrigado com o caso. Como eu tinha tirado fotos do estado da porta, resolvi fazer o que o Síndico e o Zelador não fizeram: comunicar meus vizinhos sobre a ocorrência. Abordei os mais próximos e os que eu realmente tinha um interesse de cunho sexual. Pensei que a aproximação com vizinhos poderia me trazer algo divertido além de compartilhar informações para pensar na segurança de todos. Nas abordagens, todos os abordados não ficaram sabendo e nem sabiam de nada sobre o que tinha acontecido. Fiquei muito assustado com o "abafamento" do caso. Já cansado de divulgar informalmente sobre o "quase" arrombamento, três semanas depois de tantos esforços, recebi um bilhete anônimo, que na realidade não era tão anônimo, pois estava escrito:

"Fiquei sabendo o que aconteceu com sua porta, comigo aconteceu também. Tenho algumas pistas, se quiser conversar comigo, apareça no apartamento 125 depois das 22h".

Achei a coisa mais esquisita do mundo, mas não me aguentei de curiosidade. 21h:57 minutos eu já estava a caminhar pelas escadas, subindo em direção ao apartamento. Pensei: será uma mulher de meia idade??? Ou será um gatinho??? Quero muito a última opção, mas o importante é eu me aproximar do arrombador. Apertei a campainha e nada! Nem parecia ter gente no apartamento. Tudo silencioso, sem luzes por debaixo da porta, olhei para os lados e decidi voltar para o meu apartamento. Tinha uma única certeza, de que o arrombador era um vizinho. Afirmava isso pelos fatos levantados a partir dos relatos de porteiros e alguns vizinhos de andar.
Quando estava já de costas para a porta do vizinho 125, ouvi a maçaneta girar e ao mesmo tempo a chave abrir a porta. Fiquei paralisado. Subiu pela minha espinha um gelo que me causou tremedeira. Virei assustado e era o Paulo. O vizinho mais interessante do prédio, que nunca soube qual era o seu apartamento. Ele sempre foi uma paquera, era uma paquera antiga, mas nunca demonstrou interesse.
Sorriu e me perguntou:

- assustei você?
- muito, estou ainda muito assustado com a história da porta. Moro sozinho há anos, mas nunca passei por uma situação semelhante. Estou me sentindo invadido.
- entre, por favor, vamos bater um papo.

Entrei pensado em sexo oral, penetração, 69, porra, suor...nem me lembrava como eu tinha chegado até lá e o que havia me motivado a ir. Conversamos sobre muitas coisas, olhares de desejos trocados em diversos momentos e nada de voltar ao foco principal, o arrombador!
Não consigo me lembrar exatamente como chegamos ao assunto fotos no celular, mas esse foi o pretexto para uma aproximação e contato de peles. Senti meus batimentos mais fortes...o sangue pulsando e um movimento rápido e constrangedor partindo do meu pênis. Sempre que isso acontece acho que a humanidade está olhando, esperando o troço terminar de endurecer. Percebi que dessa vez fui notado e não tive como não retribuir o olhar, mesmo sem saber o que poderia acontecer, imaginei que estávamos em sintonia e que eu estava exalando desejos sexuais por ele. Olhava e imaginava sexo, pessoas transando em lugares públicos, grupos de caras sarados trepando em praças, saunas, casais em banheiros, eu e mais um casal na casa de verão da família, trepando na cama dos meus pais.
Estava explodindo, quase implorando para realizar meus desejos com ele. De fato eu estava atraído, ou melhor hipnotizado por aquele homem de 1m e 79cm, de pele clara e cabelos pretos, levemente ondulados. Seus olhos castanhos pediam sexo, não paravam, eram olhos nervosos, ansiosos, com muita fome. Sem explicação, sem razão, senti levemente uma aproximação que me deixou distraído sem entender o que acontecia ou poderia acontecer...e de repente eu sentia na lateral esquerda das minhas nádegas seu membro em estado de endurecimento. Forcei a barra encostando mais para ter uma reação rápida e ele se esquivou. Sem palavras resolvi a situação do meu modo.
Coloquei minhas mãos no seu quadril e o puxei para roubar um beijo. Fiquei com medo de não ser correspondido, mas sua mão direita no meu pau indicava que o desejo era mútuo. Em questão de segundos, estávamos os dois sem camisetas, com as bermudas e cuecas no chão, presas ainda por estarmos de tênis. Tiramos rapidamente as peças que ainda cobriam nossos membros inferiores e quando me vi, estava em seus braços, transando com muita intensidade e desejo. O meu papel de investigador estava se perdendo a cada movimento do corpo dele junto ao meu.
Suor, cheiros, gostos, toda essa mistura nos levava às alturas de um jeito extremamente clichê, mas muito prazeiroso. Com mais intensidade e com muitas trocas de posições e de papéis representados, gritávamos de prazer. A felicidade por realizar desejos antigos exalava mais que o cheio do sexo. Assim, concluímos o nosso assunto. Jogados, sem forças para um novo assunto. Ficamos por algum tempo, como se fossemos um casal, seguros, fiéis, amados, confiantes. Era um vizinho, não íntimo. Mas um novo amante. Pensei que tudo seria mais divertido e aventureiro. Amantes vizinhos são sempre presentes e os melhores no sexo.
Decidi me lavar. Fui sem ele, mas ouvi um "espera!" Fiquei sem entender, parado, pois poderia ser algo de errado com o banheiro, então o deixei arrumar. Ouvi outra recomendação..."Pega no varal, na área de serviço, uma toalha azul". Fiz o que me mandaram. Atrapalhado como sou, tentei tirar a toalha lentamente, mas a derrubei no chão e quando abaixei para pegar, vi algo que não deveria ter visto embaixo da máquina de lavar. A minha curiosidade foi o que me levou até lá, então eu precisava confirmar o que acabara de ver. Vi um pequeno pé de cabra! Com o mesmo frio na espinha que senti no corredor, fui ao encontro do arrombador para um banho em silêncio.